Propósito de vida. Qual é o seu?

Psicóloga e terapeuta floral fala sobre o assunto e explica como a essência floral Wild Oat pode ajudar você a encontrar sua profissão do coração

Num passado nem tão distante assim, garantir um salário no final do mês era o objetivo de muitos brasileiros. Mas isso tem mudado. Cada vez mais, pessoas estão hoje à procura de exercer uma função que lhes garanta um bom dinheiro e também uma profunda satisfação pessoal. Essa satisfação vem quando a função praticada tem a ver com os dons e talentos natos que cada um tem. Marcia Fernandes, que também é coaching e consteladora familiar, explica o que o é o propósito de vida, termo que vem sendo disseminado em livros e por terapeutas de linhas diferentes. O que faz com que nos distanciemos das habilidades intrínsecas, como entrar em contato com elas, como ajudar as crianças a se manterem em contato com seus dons, os sintomas negativos que exercer uma profissão que não se gosta pode causar, como fazer uma transição de carreira com tranquilidade são algumas das questões que Marcia aborda sobre o assunto nesta entrevista. Aproveite!

Marcia, o que quer dizer propósito de vida?

O propósito de vida é um conceito de diversos campos do desenvolvimento humano que vem sendo explorado como condição de realização pessoal. Sobre o propósito de vida, o Dr. Edward Bach (1886-1936), idealizador do sistema inglês de essências florais, disse somos saudáveis e estamos em harmonia quando desfrutamos da tríade: liberdade de sermos o que nossas almas ditam; individualidade que permite que sigamos nossas escolhas e enfrentemos nossos próprios aprendizados sem que nos tomemos por interferências; e que sigamos nosso propósito de vida que deve ser praticado a fim de que nos desenvolvamos cada vez mais.

Dessa forma, o Dr. Bach nos deixou em sua filosofia, o caminho para o emponderamento pessoal e a autorrealização e também a sugestão de que ter um propósito é ter a clareza, a consciência da meta de nossas almas, e não apenas ter um objetivo na vida. Na verdade, sonhos, metas e objetivos são inúmeros na passagem pela vida e podem sofrer mudanças e alterações. Por exemplo: podemos ter metas e objetivos de ter uma nova função no trabalho, perder peso e trabalhamos e nos planejamos para conquistar isso. O propósito de vida é algo que você vai fazer em prol de você, usando toda a sua capacidade e potencialidade, e isso vai ser benéfico para outras pessoas também. O propósito é algo maior, algo do tipo: “é para isso que eu vim na vida”. Nós não estamos aqui somente para emagrecer ou para ter um emprego melhor. Viemos para esta vida para construir algo.

Então, essa é a ideia do propósito. Naturalmente, o caminho que se destina ao propósito é o da busca de uma realização não somente da personalidade, mas dos talentos e potencialidades que são únicos e intransferíveis da alma de cada um. Na busca de alcançar o propósito, cumprimos a nossa missão, que somente cada um de nós pode realizar por meio do exercício de nossos dons e talentos, vocação e valores, nossas habilidades, capacidades, competências, com “alegria maior e completa, fazer o trabalho que amamos com todos nosso coração e nossa alma”, como disse Bach. Nas palavras dele, “nosso propósito é elevado e nossa alma (que somos nós) conhece-o e nos orienta para que tiremos o máximo proveito”. Isso é o que torna a vida repleta de significado!

Do ponto de vista do bem-estar psíquico, por que é tão importante descobrirmos qual é o nosso propósito de vida e colocá-lo em prática?

Conhecer o seu propósito é como saber exatamente o roteiro você traçou para uma viagem. Você tem clara vontade de conhecer determinados pontos turísticos, você se sente atraída pela cultura do povo, aprecia profundamente a beleza do lugar e sentirá uma enorme realização ao chegar e estar nesse lugar, usufruindo de todo o cenário. Mas imagine que para realizar essa viagem você precisou sentir o desejo de sua alma a conduzi-lo. Você traçou um roteiro, você investiu e se comprometeu. Tudo isso reunido irá figurar um estado de felicidade e conquista. O bem-estar emocional se traduz na sensação de ter trabalhado para alcançar e usufruir desse feito. Exigiu comportamentos, decisões, percepção de obstáculos, mas não impediu a realização, pois só assim poderia alcançar algo com tamanho significado único.

Marcia, pensando nas pessoas que estão infelizes no trabalho que exercem, pois não gostam do que fazem e nas pessoas que querem um trabalho, mas não tem a mínima ideia do que gostariam de fazer: o que você pode dizer para ajudá-las a encontrar os seus dons e talentos natos, a sua profissão do coração?

Esse é um fato recorrente. Muitas coisas afastam as pessoas de seus propósitos na vida. Primeiro, a necessidade básica de sobrevivência que as remetem a trabalhar muitas vezes em funções nas quais não podem expressar seus verdadeiros talentos. Outros por estarem acomodados e não querem nem pensar em ‘começar tudo de novo’. Ou por não se darem conta da importância de ter um propósito.

Um dia, talvez essas pessoas possam ser alertadas por um amigo, um filme ou um sintoma. Algo que surge e desperta. Assim como Carl Jung (psiquiatra e psicoterapeuta suíço, 1875-1961) pressupôs que “o que negamos nos subordina e o que aceitamos nos transforma”, Dr. Bach também postulou nossa necessidade de encarar os desígnios da alma sem medo, mas como heróis da própria existência.

Assim, o primeiro passo seja, possivelmente, enfrentar o vilão: o medo! Medo de se lançar, de enfrentar algo novo, de transpor as adversidades e até o medo de ser feliz e realizado! É também necessário ampliar o escopo de percepção sobre si mesmo para avaliar os recursos internos e externos. Observe as atividades da vida que te deixam em “flow”. Esse é um termo que foi designado pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi para retratar um estado mental de funcionamento no qual, ao realizarmos determinada atividade, temos um envolvimento total e completa fluidez no processo de realização. É a experiência de estarmos completamente imersos em uma atividade, expandindo os limites do corpo e da mente para realizarmos algo que é ao mesmo tempo, desafiador e recompensador. Observação, consciência e atitude são imprescindíveis nesse processo.

O mesmo vale para quem se sente atraído por diversas profissões/funções?

Bem, nesse contexto diversificado, as ofertas são mesmo muitas, mas vale a observação sobre aptidões, interesses e o perfil de personalidade, aliados é claro a resposta à pergunta: ‘O que mais te deixaria em flow? Algo que provavelmente te envolverá tanto que você nem se lembrará de fazer outras coisas, até mesmo de parar para almoçar?’ Tomar essências florais também podem auxiliar no processo de fazer escolhas.

Qual floral de Bach pode ajudar?

WILD OAT. Podemos utilizá-la quando precisamos mudar um estado de infelicidade no trabalho ou na vida. WILD OAT, segundo o Dr. Bach, é para aqueles que têm ambições quanto a realizar algo importante na vida, que querem desfrutar de tudo e viver ao máximo, porém têm dificuldade de determinar a ocupação, perdem tempo e ficam insatisfeitos. WILD OAT nos dará suporte para entrar em contato com o que nos deixa em flow, para tomar consciência de que entre tantas possibilidades, uma conduzirá melhor nossos talentos, uma será expoente para traçar nossos objetivos, uma atenderá aos ditames da alma, desvelará a vocação e nos fará sentir que nossa missão na Terra estará sendo cumprida. Muitos outros florais podem ajudar também.

Pensando agora em quem deseja fazer uma transição de carreira porque já sabe o que quer fazer, mas tem medo de abandonar o emprego por medo de faltar dinheiro. Como fazer essa transição de carreira de forma tranquila?

A palavra aqui é uma só: planejamento! Se você já encontrou o destino, planeje cautelosamente a viagem. Tenha o roteiro bem claro, faça networking, converse com que já passou por essa trilha, supere-se mais e mais. Considere as adversidades. Se é o seu propósito que te conduz, não tem como sofrer as interferências. Você saberá transpô-las, pois preparou-se para elas também.

Quais sintomas podem surgir quando se exerce profissões/funções que não se gosta?

Os sintomas podem se revelar físicos, mentais, emocionais ou sociais. Eles são diversos e terão significados próprios a cada pessoa de acordo com sua história de vida e sua psicodinâmica, seu momento e condição de compreensão. Em qualquer instância visam chamar a atenção para o fato de que algo não vai bem e precisa ser mudado. Sinais e sintomas atribuídos a transtornos mentais como os da ansiedade e estresse são indicadores, assim como qualquer sintoma físico ou doença que se revele. Observe, se você não faz o que gosta e não vê sentido em viver isto, naturalmente não terá o menor motivo para sair da cama, tenderá a dormir muito e sentir-se apático, deprimido, confuso, sem vitalidade e arrebatado por pensamentos depreciativos. Fique atento a esses sinais que podem se transformar em sintomas mais graves e doenças.

Quais são os principais motivos que levam as pessoas a chegarem a esse ponto de não saberem quais são suas habilidades, o que gostam de fazer?

Muitas situações podem aportar nesse estado de coisas: desde o descompromisso com o autoconhecimento, famílias disfuncionais ou traumas vividos, até o foco em coisas superficiais de retorno rápido e inconsistentes, como tentar algo na vida e não ter habilidades, não fazer um curso… Então, é óbvio que você não vai conseguir viabilizar aquilo. As crenças limitantes também são outro motivo.

Às vezes, a pessoa aprende ou entende que na vida amar ou ter sucesso, por exemplo, não cabe a ela, é algo para os outros. Um filho que viu o pai perder dinheiro, ser enganado, pode, talvez, inconscientemente, não ter sucesso na vida porque ele precisa estar sempre num status muito parecido com o do pai. Ou uma filha que viu o pai enganar a mãe, a mãe foi traída, apanhava, então, essa filha entende que o amor está ligado ao sofrimento, à rejeição, e ela passa, inconscientemente, a buscar relações que vão colocá-la nessa mesma situação – por amor a essa mãe.

Como os pais podem desde cedo ajudar seus filhos a perceberem os seus dons e talentos e respeitar esses dons para que eles possam, no futuro, exercer profissões que realmente os satisfaçam?

Os pais têm mesmo uma função muito importante no desenvolvimento significativo de seus filhos, assim como a escola e todo o contexto de crescimento da criança. O Dr. Bach nos exemplificou isso por meio de uma curta história e também por dedicar um capítulo inteiro a isto em seu livro Cura-te a Ti Mesmo.

“Uma criança resolve desenhar uma casa para dar de presente a sua mãe, no dia de seu aniversário. Em sua mente a casa já está desenhada; ela já tinha imaginado os menores detalhes, faltando apenas colocar no papel. Pegou a aquarela, os pincéis e o papel, e cheia de entusiasmo e felicidade, começou a trabalhar. Toda a sua atenção e interesse estavam concentrados no que estava fazendo – nada poderia distraí-la de seu trabalho. A pintura é terminada em tempo para o aniversário. Empregando sua melhor habilidade, ela deu forma à sua ideia de uma casa. É uma obra de arte, porque tudo veio e foi feito por ela própria, cada traço realizado com o amor que tem pela mãe; cada janela, cada porta pintada com convicção de que tinha de ser desenhada exatamente no local em que estava. A casa pode estar parecendo um monte de feno, mas é a mais perfeita casa que já pintou: é um sucesso porque a pequena artista colocou todo seu coração e sua alma, todo o seu ser na produção da pintura”*.

O que vemos na sequência da história é a atitude da mãe ao receber o desenho da criança. Aceitação ou crítica? E agora, a reação da criança: alegria ou frustração? Todos nós, como a criança, quando ficamos reféns da avaliação dos outros, matamos nossa expressão espontânea e isso, desde pequenos, ativa registros na autoestima, que se não forem ressignificados pela vida podem contextualizar repetitivos estados de esforço em vão e a sensação de nunca ser bom o suficiente. O amor oferecido não foi bom o bastante para agradar quem amamos, nem receber a validação necessária para um conceito positivo de si mesmo. Em um ambiente afável, construído por pais que respeitam a individualidade dos filhos e seus talentos, que não julgam, mas apoiam criam futuros adultos com maior senso de liberdade para abraçar seus propósitos com segurança e determinação.

Antigamente, garantir um trabalho fixo, com carteira de trabalho registrada, prestar um concurso e ter a certeza de um emprego até a aposentadoria eram um dos principais desejos dos pais para seus filhos. O que fez com que muitas pessoas se mantivessem em trabalhos que não gostavam para garantir o salário mensal. Você percebe hoje no seu trabalho no consultório que isso vem mudando ou não?

Sim, as pessoas querem ser felizes. Querem viver seus talentos. Querem experimentar coisas novas. Esse é o perfil de quem chega aos consultórios. Fica bem mais fácil, pois já há um movimento em direção a consciência e à mudança. As pessoas que procuram a terapia floral ou a psicoterapia positiva que eu pratico, não vêm só movidas pelo sofrimento e a dor, mas pela necessidade de desenvolver seus potenciais.

*Coletânea de Escritos de Edward Bach, página 113

Contato de divulgação:

marcia_flower@yahoo.com.br (atendimentos presenciais em São Paulo e online pelo mundo – em português e inglês)

Marcia Cristina Oliveira Fernandes é psicóloga clínica há 30 anos e psicoterapeuta psicodramatista, positiva e sistêmica. É também especialista e educadora em terapia floral, coordenou e ministrou cursos de graduação e pós-graduação na área das Práticas Integrativas e Complementares (PICs). Atua como docente universitária e facilitadora da Healingherbs e Australian Bush Flower Essences. Além de consteladora familiar, MBA em Coaching e coautora do livro Psicologia Positiva-Teoria e Prática (editora Líder).

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