As essências florais na instituição Os Seareiros – Núcleo Mãe Maria

Jovens e crianças de comunidade carente de Campinas recebem há 20 anos o apoio da terapia floral para favorecer o processo de aprendizagem e colaborar na manutenção do bem-estar físico, emocional, mental e espiritual.

Em 1998, quando Rosana Souto levou a terapia floral para a instituição social Os Seareiros – Núcleo Mãe Maria, em Campinas-SP, percebeu uma queixa comum nas sessões das crianças atendidas: o medo, principalmente da violência doméstica e do meio onde viviam. “E esse medo era o grande inibidor do desempenho escolar delas provocando pesadelos, timidez, ansiedade e diversos desconfortos físicos, entre eles o descontrole urinário diurno ou noturno que acometia 25% das crianças”, conta ela.
Conforme a terapia foi avançando, Rosana pôde perceber os benefícios da atuação dos florais.

“Esse sintoma do descontrole urinário desapareceu em 90% delas. Em algumas, com apenas um vidrinho de floral. Além disso, as essências foram fundamentais em casos de apatia total, hiperatividade, concentração, coordenação motora e agressividade. Algumas incorporaram o floral de tal maneira na rotina delas que passaram a indicar outros colegas para o tratamento”, relembra a terapeuta floral.

Sempre muito ligada à educação, Rosana ofereceu o seu trabalho voluntário ao Núcleo Mãe Maria para dar suporte às atividades do reforço escolar realizadas com as crianças e adolescentes, de 6 a 15 anos. “O Núcleo está situado junto à comunidade pobre da Vila Brandina, que quando eu comecei era uma das comunidades mais violentas de Campinas. E as investidas da polícia na comunidade geravam muito medo nas crianças. Naquela época, as escolas também não tinham reforço escolar, por isso a instituição oferecia o reforço escolar no contra turno das escolas”, relembra.

Rosana e Sr. Arnaldo

Quando começou, Rosana teve o apoio do senhor Arnaldo Apolinário, que fazia o trabalho da preparação e controle do estoque dos florais. “Desde o início, formamos uma equipe com o pessoal da área da saúde, sob a coordenação médica do Dr. Jamiro Wanderley, que recebeu a terapia floral de portas abertas, e coordenação geral da Suely Coimbra, grande entusiasta e apoiadora do nosso trabalho. E também com a equipe da área da educação, sob a coordenação geral de Leonor Chaib, parceira fundamental, que confiou, colaborou e incentivou suas assistentes e professoras voluntárias para o sucesso dessa atividade.”

Rosana e Neide Mafra

Realmente, o trabalho de Rosana ganhou muito sucesso e alçou voos para fora do Brasil. Em 2006, a terapeuta teve uma iniciativa ainda mais arrojada: uniu as sessões de terapia floral com a arte-educação. “Com a ajuda da arte – educadora Neide Mafra, unimos o uso dos remédios florais ao ensino dos mesmos, tendo a observação da natureza como linha mestra e a arte-educação para expressão da bagagem emocional de cada criança. Vimos os resultados ultrapassarem os limites individuais, promovendo o interesse para o cuidado e respeito com a natureza. Uma iniciativa transdisciplinar, facilmente reprodutível em qualquer escola que ofereça educação artística ou a arte-educação em seu currículo”, explica Rosana. O ano de 2006 foi também o ano que Luciana Chammas, fundadora e diretora-presidente da Healing, pôde conhecer o trabalho desenvolvido por Rosana.

“A Healing tinha acabado de ser fundada quando iniciamos a parceria com o Núcleo doando os florais de Bach”, conta Luciana.

Rosana e Luciana Chammas

Os resultados do projeto florais e arte educação foram divulgados em Cuba, no XVIII Congresso Internacional de Terapeutas Florais. “Para a minha alegria, três meses depois do congresso, eu recebi um e-mail de uma autoridade da área de saúde daquele país, informando-me que um projeto similar seria introduzido nas escolas. E a minha alegria não parou por aí. O projeto chegou à terra do Dr. Bach e foi publicado no jornal da British Flower & Vibrational Essences Association (BFVEA).” Rosana se pergunta: “E o Brasil, como fica? Será que vamos continuar ignorando essa dádiva que as essências florais representam para a humanidade? Será que, apesar de sermos referência no exterior, com relação ao uso dos florais na área da educação, não poderemos fazer nada para reduzir a violência em nossas próprias escolas? Será que essas crianças que vivenciam tamanha violência e as famílias que choram a perdas de seus filhos não poderão receber, também, a ajuda dos florais?.”

Vânia Galvez e Rosana Souto na entrada do Núcleo

Em 2011, quando Rosana saiu de Campinas (atualmente, morando em Curitiba, saiba mais sobre o trabalho da terapeuta com portadores de autismo, passou a colocar suas alunas do seu Instituto de Formação de Terapeutas Florais em Campinas nos atendimentos do Núcleo para o trabalho não parar. “Quando eu saí, quem assumiu foi a Vânia Galvez, depois foram outras alunas. No ano passado, foi a vez da Regina Papp, mas ela precisou parar.” Hoje o trabalho é feito pela psicóloga e terapeuta floral Angélica Barnes. “Atualmente, 84 crianças, de 6 a 16 anos, são atendidas com a terapia floral, além dos adultos da comunidade. Algumas questões emocionais se repetem: agressividade, dificuldade no aprendizado, timidez e medos”, conta Angélica, que vai ao Núcleo a cada 15 dias.

Painel social – Bia, Carmen, Rosana, Luciana, Vera e Angélica

Carente de mais terapeutas florais atuando nos atendimentos, Rosana diz ter esperança que novos voluntários surjam. “Logo uma terapeuta vai ministrar o curso Aprenda a Usar Florais de Bach, da Healing. Com isso, poderá fomentar novos terapeutas para o Núcleo. Por enquanto, eu fico de conselheira, mantendo a distância a terapia floral no Núcleo Mãe Maria.” Luciana conta que no ano passado, teve o grande prazer de conhecer o Núcleo. “Vi as crianças, conversei com os professores e com outras pessoas que estavam envolvidos com a terapia floral. Foi tão emocionante! Eu já sabia que o Núcleo Mãe Maria desenvolvia um trabalho maravilhoso. Mas durante a visita eu pude constatar que é tudo tão organizado, as pessoas fazem seu trabalho com tanto amor e respeito. E o resultado desse trabalho a gente vê no sorriso das crianças. E entendi por que a terapia floral prosperou ali: o legado de Bach encontrou no Núcleo um espaço alinhado com o seu propósito: o de cuidar do outro com amor e compaixão.”

Que o trabalho, feito com tanta responsabilidade, dedicação e carinho de Rosana, suas alunas e empresas parceiras possa se renovar por muitas mais décadas em nome do desenvolvimento desses pequenos cidadãos brasileiros.

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