Saúde para todos

Uma inciativa criada em 2010 leva saúde por meio das práticas integrativas e complementares a populações da região amazônica.

Com as terapias naturais e complementares, o Projeto Beth Bruno auxilia comunidades em situação de vulnerabilidade social do Norte do país, que vivem com um precário sistema de saúde.

Toda terça, quinta e sábado, das 8h às 11h, na Pastoral da Saúde de Itaituba, no Pará, um grupo de agentes de saúde está a postos para atender a população que vai chegando à procura de ajuda para as dores emocionais, mentais e físicas.

“Normalmente, os problemas mais relatados são reumatismo, pressão alta, dor de estômago e na coluna. E no estado emocional sofrem de depressão, medos variados, estresse, impaciência e preocupação com amigos e familiares”,

conta Maria Sandra de Freitas Martins.

Maria Sandra é uma das agentes que trabalham no espaço atendendo os clientes com homeopatia popular, terapia floral e fitoterapia. Ela foi capacitada pelo Projeto Beth Bruno, lançado em 2010, em Santarém, no Pará, com o objetivo de promover a saúde integral nas comunidades mais carentes do Norte do Brasil por meio da formação de profissionais em terapias naturais e complementares.

“Começamos com agentes que já trabalhavam com ervas medicinais. O nosso objetivo era levar a terapia floral, mas respeitando sempre as necessidades e o saber dessas pessoas que têm, na natureza, uma farmácia natural”,

explica Luciana Chammas, co-criadora e coordenadora do Projeto, gerenciado pelo Instituto Healing, uma organização não governamental mantida pela Healing e pela fundação inglesa The Twelve Healers Trust.

“Além disso, não queríamos nos limitar aos florais, pois eles trabalham questões mentais e emocionais, mas sabemos que quando o desequilíbrio chega ao corpo, há outras formas de se cuidar. Portanto, teríamos que incluir outras terapias.”

O Projeto foi estruturado com a ajuda de técnicos, educadores, terapeutas, psicólogos e dos agentes que seriam treinados.

“E os treinamentos começaram e não pararam mais, já que a ideia é também despertar nos agentes a vontade de aprender outras terapias à medida que fossem adentrando neste universo das práticas integrativas e complementares. Primeiro, começamos com a bioenergética, fitoterapia, homeopatia e os florais. Em seguida, veio o curso de reiki. A meditação
chegou em 2016”,

conta Luciana.

O real valor da cura

Na primeira etapa, o Projeto contou com a ajuda financeira de organizações da Irlanda e Alemanha. Depois, o dinheiro arrecadado nos atendimentos passou a manter a iniciativa.

“Os preços dos atendimentos variam. As sessões de bioenergética, homeopatia e terapia floral custam 10 reais. As homeopatias, florais,
garrafadas e xaropes também valem 10 reais. As pomadas custam 5 reais”,

explica Maria Antonia da Costa, agente de saúde de Monte Alegre, no oeste do Pará, município com falta de médicos especialistas, de equipamentos para realização de exames laboratoriais, saneamento básico e atuação da vigilância sanitária.

“Antes trabalhávamos muito com as questões físicas. Foi maravilhoso quando aprendemos no Projeto sobre as dores da alma, que é o nosso estado emocional. Quando ele está em desarmonia, adoecemos. Por isso, a terapia floral é tão importante. Conseguimos prevenir as pessoas de adoecerem”,

avalia Maria Antonia.

Uma das cerca de 120 pessoas que são atendidas mensalmente pelo Projeto em Monte Alegre é Elisete Sadala.

“Procurei por ajuda para tratar da minha ansiedade, depressão e falta de concentração. Passei a tomar floral e hoje me sinto muito tranquila. Para mim, é importante cuidar da minha saúde com remédios naturais, sem
substâncias químicas. É muito eficaz.”

Colhendo bons frutos

Irmã Marialva da Costa, coordenadora do Projeto, diz que hoje ele está presente em mais de 25 comunidades de Roraima, Maranhão, Piauí e Pará.

“A maior parte está concentrada no Pará. Há cerca de 120 agentes de saúde formados e cerca de 2 mil pessoas atendidas por ano*”, conta.

“Durante esses sete anos, muitas mudanças positivas vêm acontecendo,
mas a que considero a mais importante é a compreensão da saúde como luta, partilha e organização em grupos.”

O que também garante o bom andamento do Projeto são os encontros anuais que acontecem numa chácara próxima a Santarém, onde os agentes se reúnem para compartilhar experiências, fazer novos cursos e confraternizar.

O grupo em um dos encontros anuais

“Tem pessoas que viajam dois dias de barco para chegar até lá”, diz Luciana.

Além de quem vive na cidade em situação de vulnerabilidade social, participam do Projeto comunidades ribeirinhas e indígenas.

“É muito bom saber que toda a dedicação do Dr. Bach para encontrar suas essências chegou até populações que reconhecem no seu legado um poderoso instrumento a favor da saúde”,

avalia Luciana.

*Atualmente, os agentes de saúde do Projeto Beth Bruno realizam mais de 6.000 atendimentos por ano.

Assista ao vídeo do Projeto Beth Bruno e conheça pessoas que fazem parte dessa iniciativa saudável.

ILUSTRAÇÕES: SANDRA JAVERA

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